sexta-feira, 24 de maio de 2013

Monólogo a dois







"I like baking and things that smell like winter,

But I'm not gonna talk about that,

In my monologue"
(Monologue Song)





Sabia que amaria. Quando vi os olhos, e eles me mostraram a alma, já amava. Passaria a amar a franja deixada de lado, os óculos - moldura para os olhos – janela e o riso torto nunca lhe pareceu tão certo.  Por vezes frouxo e sonoro, ecoaria dentro de mim, outrora vazia. Amaria o busto que conserva o coração enorme. A barriga que se tornaria tela branca para meus dedos. Os braços que formam, no abraço, meu maior abrigo. As mãos – luvas de seda, que me tocariam por dentro. As pernas – pontes que caminhariam em minha direção. Os pés – fundamentos que nos dariam apoio. Amaria o suor que correria por esse corpo, virando mar e, numa onda, me banharia. Deixando apenas aquele sentimento de estar bem; de quem toma banho de chuva de verão. Amaria o sangue que, mesmo tão nobre, é dado sem medida por aqueles que ama. Sim! Sabia que amaria. Só que não sabia que este sangue seria misturado ao seu, que este suor seria o seu, que este corpo seria o seu, que a alma seria a sua. Não sabia que deixaria de lado todas as “facetas” para ter uma nova face. Pedaços podem formar um amontoado, mas nunca um todo. Foi quando descobriu que, na verdade, não sabia de nada. Poderia ter tirado essa conclusão antes, mas o mestre não falou tão alto quanto o seu encanto. Agora percebe que não soube, nem poderá saber. Apenas sente. E sentindo vai.


Enquanto Tiver Ar.

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PE, Brazil
Um constante vir a ser. Seguindo a sombra dos moinhos de vento...