quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Breve e não efêmero.

Ela queria tocar a lua da janela do seu apartamento. 
Ele só queria pôr os pés  no chão.

Ambos não sabiam o que estava acontecendo, mas se pudessem fazer o queria iriam se encontrar no meio do caminho. Talvez sorriam ao ver que estavam indo para caminhos opostos, talvez só se olhassem em silêncio. E se o tempo parasse naquele exato momento, o que diriam um para o outro?

Ele certamente diria que ela é louca. Voando assim, como pode querer estar no céu? Tão longe de tudo que é firme, sólido, fixo...
Ela poderia não dizer, mas teria pena dele. Coitado. Uma vez foi tão alto e agora estava a cair e cair. Despencava sem saber o que dele seria. Que o mundo não é o mesmo visto de perto. Não seria mais vasto, inteiro, pleno...

Ambos não sabiam o que estava acontecendo, mas os olhares que se cruzavam diriam. Que história carregavam? Quais seus pensamentos segundos antes de dormir? Como chegaram até ali? Até aquele ponto, que, por mais divergente que fosse, era comum. O comum que há nos opostos. O desejo, a dor, paixão, luta, o medo do mistério. O desconhecido os espera.

Ela poderia dizer a ele.
Ele poderia dizer à ela.

Ambos sabiam que não iria adiantar. Aqueles olhos diante dos seus jamais veriam da mesma forma. O que lhes igualava também era o que os separava.
E assim permaneceriam. Distantes. Enigmas, cuja resposta era a mesma. O instante acabaria.

Ela deixaria a cabeça pender.
Ele inclinaria seu olhar.

E o riso seria compartilhado pelos dois. O tempo passaria e iria mostrar a brevidade daquele momento. Mas ambos não sabiam o que estava acontecendo...

Ela passou a pensar em como seria voltar a tocar a terra.
Ele não deixava de voltar seus olhos para o céu.
E a brevidade daquele instante se perpetua em seus olhares.

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Um constante vir a ser. Seguindo a sombra dos moinhos de vento...