quinta-feira, 26 de agosto de 2010

“O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias”. (Hélio Pellegrino)

3° ATO

Já tenho tudo em mãos, afinal não é difícil levar o material de trabalho se você é músico. Aprendi a tocar ainda na adolescência. Pareceu interessante, para quem ia ficar tanto tempo na cama, depois de ter a perna estraçalhada pelas ferragens de um carro popular. Nunca planejei esta profissão, mas diante de tantas coisas que planejei e não aconteceram, fico com as que restaram. Os vermes não são os únicos animais que podem passar a vida comendo restos. Em noites, sem sono e cigarro, confundo “viver” e “sobreviver”. Mesclam-se num quase igualar, até que eu finalmente consiga a proeza de não pensar em mais nada. Agora, os números digitados, no contrato feito para não ser entendido, dizem que eu tenho que sair. Eles sabem meu número, não tenho mais como não ir. O caminho sempre muda... Mas de onde vêm tantos carros? Parece que todos desaprenderam a andar. Eu tento não pensar, mas o pensamento insiste em sobreviver. Maldita fraqueza, a minha. Não sou capaz de matar se quer um pensamento!
Ainda bem que cheguei. Tocar faz com que eu não escute meus pensamentos. Ao menos um momento de paz.

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Um constante vir a ser. Seguindo a sombra dos moinhos de vento...