quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

"Back to Black"


Eu tenho lhe visto e nossos dias têm sido agradáveis e tranquilos. Você olha nos meus olhos e diz que vai fica tudo bem. Retorno seu olhar e lhe digo que já está. Você sabe que nem tudo está tão bem. E eu sigo dizendo que sim. Pode ser por que cada vez que afirmo me faz acreditar que uma hora ficará.
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Conhecemos-nos tão bem, não é? Não. Na verdade não. Você tenta extrair de mim o que me tornei. Eu já desisti. Recolho o que você me dá. Vejo o que você me permite ver. E refaço todo o caminho, desta vez em minha mente, juntando os tijolos amarelos que encontro no trajeto.
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Como você se sente minutos antes do nosso encontro? Lembra-se de como foi nossa ultima despedida? Você lembra? Em frente a sua porta, pouco antes de entrar, seco minhas mãos suadas. Sei que você já me espera para mais um dia agradável e tranquilo. Passei todo o percurso pensando que não é isto que quero. Preciso do atrito! Agito! Amargo! Quero que seu corpo fique suado. Quero gritar com você. Quero cuspir na sua cara e dizer que a culpa toda é sua. Pegue-a de volta!
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Mas então, eu entro e você me dá seu melhor sorriso. Vejo seus dentes brancos e olhos que dissimulam o que realmente está pensando. Nos segundos perdidos com seus olhos, perco também meu plano de vingança. Volto a fingir que está tudo bem.
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O processo é o mesmo. Primeiro você, depois eu. Ambos fingindo satisfação. E, sem que ninguém precise dizer nada, sabemos que é hora de ir embora. Quase acabado nosso encontro, nos despedimos como velhos amigos que não se veem há bastante tempo: Desajeitados e constrangidos. Está é a verdade. Ou sou só eu? Você me diz alguma coisa e eu olho para trás. Não precisava me dizer nada. Eu olharia de todo jeito.
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Observando meus pés na calçada do seu prédio, enquanto espero o ônibus, percebo minha fraqueza recorrente. Onde foi parar meu plano de vingança?! A indignação cega me toma. Volto para casa levando ela comigo e você, mais do que nunca, se faz presente. Os dias se passam e a raiva com eles. Reflito sobre meu plano... Talvez você não tenha tanta culpa. E em poucos dias você não terá culpa alguma. Talvez só precisemos conversar. Você dirá que é só o que temos feito e começaremos tudo novamente.
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Você se importa se hoje eu não lhe olhar nos olhos? Falar só não basta. É que precisamos mesmo conversar.

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